29.11.10

Ausente e presente...





"Esse silêncio todo me atordoa.
E atordoado eu permaneço atento."

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Chico Buarque

12.11.10

És em mim!

Avó...
És inesquecível para mim.
Em mim estão todas as tuas cores.
Recordo a tua voz, a tua alegria,
o teu cheiro de erva-doce, hortelã
e da marmelada que tinhas acabado de fazer.
Sabes Avó, foste tão grande e tão mulher,
que não me canso de te encontrar
nos raios de sol a brilhar,
na chuva que cai,
no vento a soprar.
Foi grande o teu viver!



Avó, deste corda ao relógio do mundo,
e hoje quero dizer-te os mais lindos versos
com as palavras mais simples do mundo:
És luz que não se apaga nunca...
porque tu estás no céu como o sol,
e brilhas como a lua singela.
Hoje sei que estás a descansar,
ao lado do teu amado Senhor.
E sei que pedes a Deus
para nos proteger e nos amparar.
Avó foi tão fácil amar-te,
É impossível esquecer-te!

9.11.10

Vamos fazer sorrisos...





...

Now, this is how it works
You peer inside yourself
You take the things you like
And try to love the things you took

And then you take that love you made
And stick it into some
Someone else's heart
Pumping someone else's blood

And walking arm in arm
You hope it don't get harmed
But even if it does
You'll just do it all again


...

7.11.10

Era uma vez...

... um menino chamado E... que vivia no Reino das Palavras Soltas.


No Reino das Palavras Soltas havia uma flor chamada Malika Moura, em honra da Deusa Moura que ajudou a salvar Malika a Doce Princesa do Reino.
A Princesa tinha sido raptada pelo Inquisidor-Mor do Reino das Palavras Prisioneiras e estava presa no topo da orelha de um Drasupalador - dragão sugador de Palavras.
Malika a Doce Princesa, gostava de cantar logo pela manhã Palavras novas, que corriam e escorregavam pelas cores do arco-íris à  espera do beijo mágico que só os meninos e meninas possuíam. Era assim que nasciam as histórias de encantar. 


O Reino das Palavras Soltas era alegre, ameno, cheio de cor.
O Reino das Palavras Prisioneiras era frio, cinzento e tudo era triste.
O Inquisidor-Mor queria casar com Malika a Doce Princesa, mas ela recusava-se porque o seu coração pertencia a EVras, da famíla dos Encantadores de Palavras.
Vingativo, o Inquisidor-Mor fez um pacto com a Deusa Tacanha Mázinha. Em troca da sua ajuda para raptar e casar com Malika a Doce Princesa, o Inquisidor faria dela a Rainha do Reino das Palavras Soltas.
EVras partiu para salvar a sua Doce Princesa com a ajuda dos poderes felizes da  Deusa Moura.
O Drasupalador não conseguiu sugar as Palavras Encantadas de EVras e a  Deusa Tacanha Mázinha morreu engasgada.  O Inquisidor-Mor vive ainda hoje com os seus 375 anos, exilado no fundo do Poço dos Sem Coração.


Malika a Doce Princesa casou com EVras e a Deusa Moura foi a madrinha que deu como presente a mais bela flor alguma vez vista no reino. Os noivos deram à flor o nome de Malika Moura. Esta flor era especial, pois continha em si o poder de realizar o desejo do primeiro filho de Malika a Doce Princesa e de EVras.


O menino E... gostava de deambular pelo reino em dias de sol dourado, em dias de chuva prateada e em dias em que o sol e a chuva passeiam de mãos dadas e brincam às escondidas com as nuvens.
Num desses dias ouviu o vento a sussurar baixinho o seu nome.
- "Sim vento, precisas de alguma coisa?", perguntou E...
O vento responde: - "E... eu tenho um sonho, o sonho de assobiar Letras... eu também quero fazer alguma coisa pelas Palavras como fazem:
o sol, que aquece as Palavras Soltas;
a chuva, que dá banho às Palavras quando elas regressam, das suas cavalgadas, cheias de pó;
a terra, que planta Palavras que ganham raízes e perduram de estação em estação.
E eu, gostaria de assobiar as Letras e assim formar Palavras, fazer frases, criar textos, pôr as Letras das Palavras a dizer poesia e depois empurrar estas Letras Assobiadas até aos 4 cantos do mundo. Podes ajudar-me?"
- "Amanhã vem ter comigo, logo pela manhã, ao Jardim dos Sons, vou ver o que posso fazer por ti.", repondeu-lhe E...


O sol espreguiçava os seus primeiros raios e lavava o seu sorriso com gotas de chuva, quando o vento apareceu.
E... estava à sua espera junto da Árvore da Vida e da Sabedoria, nas suas mãos tinha a mais bela flor do reino, Malika Moura!
A Deusa Moura apareceu a cavalgar num lindo xi-coração e disse:
- "E... tens de dar um beijo mágico à flor, formular o teu desejo e plantá-lo na terra."
O menino E... olhou para os pais que deram permissão para continuar.
A terra cantou, a chuva chorou, o sol brilhou e o vento pela primeira vez assobiou...
A flor, qual sapo encantado, transformou-se na mais bela menina do reino.
A terra cantou mais uma vez e deu à luz uma bela flor.
A mais bela menina,  Malika Moura, que agora já não era flor, teve de dar um nome à flor nascida da terra. Chamou-lhe Letras Assobiadas...
No Reino das Palavras Soltas E... e Malika brincam com os sorrisos do vento. 
O vento assobia e sopra sementes de Letras Assobiadas...
  
 

e foi assim que eu nasci...

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Ilustrações de Alex Noriega

6.11.10

Yuken Teruya

Yuken Teruya é o criador desta arte invulgar, que faz com que árvores surjam de sacos de compras, rolos de papel higiénico, livros, natureza morta e jornais, materiais que todos nós desperdiçamos no dia a dia. As suas criações são singulares e os materiais e objectos utilizados transformam-se e evoluem.





Este talentoso japonês, cria, através do recorte, meticulosas e complexas árvores em miniatura, pequenos e encantadores mundos, que chamam a atenção para os efeitos do crescente consumismo da sociedade contemporânea, para o esgotamento dos recursos naturais, e outros problemas associados à globalização, como o desaparecimento das tradições culturais e identidades.



A técnica de Quirigami, a arte de cortar papel, extrai, como se tratasse de uma escultura… a forma de uma árvore é criada sem adicionar ou remover nada, apenas cortando e dobrando o papel.


Yuken Teruya é natural de Okinawa, Japão, e trabalha em Nova Iorque - EUA.


Lindo...
Acho que a isto se chama talento...